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20 de diciembre de 2013

R.I.P. MADIBA

Aterrizamos no aeroporto da Cidade do Cabo com a curiosidade triplicada, não era para menos, chegamos na África do Sul no 7 de dezembro de 2013, 2 dias depois da morte de Mandela. Eu queria fazer muitas perguntas, para todas as pessoas, para o taxista, para o garçom, para o recepcionista do hotel...mas tinha receio deles se sentirem incomodados ou ofendidos. Ao contrário do que esperávamos encontrar (pessoas tristes) encontramos pessoas felizes, o país se preparava para fazer uma festa de despedida e não um velório e um enterro lúgubre.

Nelson Mandela, valorizado a nível mundial como um individuo único de extraordinária personalidade e carisma, representa para a África o melhor produto em matéria de sabedoria e história que o continente possa ter tido. O que distinguia Mandela dos outros opositores ao regime do apartheid, não foi a sua intransigência em relação ao sistema político baseado nas desigualdades, isso era comum em todos os opositores. Foi a sua combinação de virtude humana com senso político o que o colocou num nível acima. 

Alguns fatos foram essenciais para se converter no líder inato que foi, vamos repassar alguns:
- Em 18 de julho de 1918 nasceu em Mvezo, como parte do grupo étnico Xhosa, um dos mais numerosos, com o nome de Rolihlahla Dalibunga Mphakanyiswa.
- Em 1937 ingressou na Universidade de Fort Hare para estudar direito. Esta universidade funcionava como uma fabrica de políticos e intelectuais negros no sul do continente africano. Foi nessa época que ele conheceu seus companheiros de luta e também líderes do partido, entre eles, Oliver Tambo quem seria depois seu sócio no escritório de advocacia em Johannesburg.
- Em 1944 começa sua militância no partido ANC (African National Congress).
Qual era o contexto social e político no país?
Desde 1913 as leis racistas vinham sendo aprofundadas, naquele ano foi a Native Land Act que impôs a segregação territorial. Ou seja, tinha áreas restritas para negros, com o decorrer do tempo, novas leis racistas começaram a ser aplicadas, mas foi só em 1948 que o sistema ganhou o nome de Apartheid. Este termo em afrikans significa "separação". A opressão foi recrudescida com uma série de novas politicas: a Population Registration Act, pela qual os cidadãos eram classificados de acordo com um grupo racial específico. A Pass Laws Act, que obrigava as pessoas negras a levar com eles uma espécie de "passaporte" o tempo todo para poder circular na cidade, este documento poderia ser requisitado pela polícia a qualquer momento. A Bantu Educations Act que visava que o sistema educativo dos negros fosse de qualidade inferior.
Foi naquela época que Mandela estabeleceu seu escritório junto com Oliver Tambo e começou o período de militância enérgica no ANC. Como líder partidário encabeçou diversas campanhas para anular as leis raciais. Logo no inicio da década de 60 ajuda na fundação do braço armado do partido. O que o levaria, anos mais tarde, a ser acusado de terrorista. Ele trilhava o caminho para se converter em um, mas abandonou a violência quando percebeu que poderia conseguir o mesmo por outros meios.

Em 1964 ele e mais 7 camaradas foram condenados a prisão perpétua. Enviados para Robben Island, onde passariam seus próximos 18 anos de um total de 27, no caso de Mandela.

O que ele fez para ser e pensar diferente? Se colocou no lugar dos opressores. Por impossível e difícil que pareça. Quis saber deles, conhecê-los e foi assim que descobriu que o sentimento de superioridade que eles sentiam era, na verdade, medo de sofrer a mesma crueldade na vingança dos oprimidos. Ele entendeu que uma causa nobre não justificava métodos não nobres para alcançá-la. 

Desde 1994 o ANC governa o país, tendo sido Mandela o primeiro presidente democrático eleito. Ele será sempre lembrado como o Pai da Nação. Apesar dele ter sido um líder exemplar, seu legado precisa ser cuidado e respeitado pelas próximas gerações. As diferenças entre as pessoas continuam a existir e elas convivem em uma aparente calma, mas cada grupo separadamente. O processo de reconciliação precisa continuar.

"Se você deseja fazer as pazes com o inimigo, tem que trabalhar com ele. Então ele vira seu companheiro"


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